A ABF anunciou no dia 29 de fevereiro, em um encontro que reuniu mais de 90 pessoas, que o segmento de franquias do Brasil cresceu 16,9% em 2011, atingindo o faturamento de R$ 88,8 bilhões. Atualmente, o franchising representa 2,3% do PIB nacional (considerando um crescimento do PIB de 3,5%, em 2011).
O estudo da ABF revela que o setor cresceu um pouco mais do que o esperado e que o bom momento da economia nacional e o aumento da renda da população foram os principais motivos dessa alta.
Os dados foram compilados pela ABF, tendo como base as 2.031 marcas de franquias atuantes no País. Para 2012, a entidade acredita que o ritmo de crescimento fique em torno de 15%. `O crescimento do setor é sustentável e acompanha a economia do País, apesar de estar crescendo muito acima do PIB`, afirma Ricardo Camargo, diretor executivo da ABF. Segundo ele, 15% de crescimento para 2012 é um excelente número e pode até ser considerado conservador, uma vez que estão previstos 43 novos shopping centers ao longo de 2012.
O número de redes em operação no Brasil cresceu 9,5% e o número de unidades (franqueadas e próprias) chegou a 93.098, que significa um incremento de 7,8% em relação ao ano anterior. Essa expansão resultou na abertura de mais de 60,5 mil novos postos de trabalho. O setor é responsável hoje por mais de 837 mil empregos diretos. Em 2012, o franchising será responsável por 913 mil empregos.
O crescimento no número de unidades poderia ser ainda maior, de acordo com o levantamento. Porém, o alto custo dos imóveis (luvas, aluguéis etc) registrado em praticamente todas as regiões do País inibiu a abertura de novos pontos de venda. `As redes de franquia avaliam minuciosamente o ponto comercial, pois nem sempre é possível repassar o custo do aluguel para o preço do produto ou serviço oferecido. No último ano, esse custo aumentou entre 2% e 4%, principalmente, no primeiro semestre`, explica o executivo.
O número de microfranquias, cujo investimento inicial é de até R$ 50 mil, saltou de 213 para 336, em 2011. Elas já representam 17% do total de marcas e 4% do faturamento do setor, ou seja, R$ 3,7 bilhões.
Em 2011, surgiram 176 novas franquias no mercado. Desse total, muitas são marcas já conhecidas do consumidor brasileiro, mas que somente no ano passado adotaram o modelo de franquias como forma de expansão. Entre elas, destacam-se a TAM Viagens, o supermercado Dia%, a loja de roupas Arte na Rua e as marcas Lupo, Hope, entre outras.
O interesse no Brasil continua alto e, por isso, muitas redes internacionais continuam sondando o mercado nacional. A tendência é de aumento de marcas estrangeiras em operação no Brasil nos próximos anos. Já as redes nacionais, apesar do grande potencial da economia local, não deixaram de pensar na internacionalização. Ao final de 2011, 90 marcas brasileiras já possuíam operações no exterior. Elas estão presentes em 58 países, em todos os continentes, o que representa 4,7% do total das marcas nacionais.
Crescimento por Setor
No ranking de faturamento, os cinco segmentos que mais cresceram em 2011 foram: Hotelaria e Turismo (85,9%), Móveis, Decoração e Presentes (35%), Esportes, Saúde, Beleza e Lazer (24,3%), Negócios, Serviços e Outros Varejos (14,9%), Alimentação (14,5%) e Acessórios Pessoais e Calçados (13,15%).
`Os setores que mais cresceram estão relacionados principalmente com o aumento de renda da população e com o ingresso definitivo das mulheres no mercado de trabalho, o que gera aumento de serviços como alimentação fora do lar, lavanderias, reparos domésticos, além de serviços de beleza, saúde e entretenimento`, explica Ricardo Camargo. Ainda segundo ele, o faturamento apresentado pelo segmento de Alimentação também teve influência do aumento de preços, que foram repassados aos consumidores. Já o setor de Vestuário não conseguiu repassar o aumento dos custos para os consumidores, devido à alta concorrência.
O expressivo crescimento do setor de Hotelaria e Turismo se deve, principalmente, à TAM Viagens que inaugurou 115 operações ao longo de 2011. A cadeia de hotéis Accor também inaugurou oito novas unidades e o hostel Che Lagarto, 11 novas operações no Brasil.
O grande destaque do setor de Móveis, Decoração e Presentes foi a Dicico, que conta com 51 unidades em operação. A imobiliária Century 21, por exemplo, saltou de 70 para 124 unidades. A Casa do Construtor inaugurou 24 novas lojas e a MultiCoisas, 31.
No segmento de Esporte, Saúde, Beleza e Lazer os destaques foram: O Boticário, que abriu 177 novas lojas, e a Água de Cheiro, que incrementou a rede com 206 novas lojas. Já as Óticas Carol e Diniz inauguraram 68 e 81 novas unidades, respectivamente. Outro grande destaque nesse setor foram as empresas de depilação. Apenas a Não+Pêlos inaugurou 295 unidades em 2011.
O segmento de Negócios, Serviços e Outros Varejos reúne empresas como lojas de conveniência, supermercados, petshop e serviços em geral. Só o supermercado Dia% inaugurou 113 lojas, atingindo um total de 489 pontos. A rede de conveniência AM/PM inaugurou 92 lojas e a BR Mania, 259. Outros destaques nesse setor foram a Dr. Resolve, com 352 novos franqueados, e a Praquemarido, com 35.
O setor de Alimentação continua crescendo de forma contínua. Em 2011, cresceu 14,5% e foi responsável pelo ingresso de 54 novas marcas. Entre elas, estão empresas de iogurtes e sorvetes. Só de iogurtes são 23 redes em operação no Brasil. Das marcas já conhecidas do público, destacam-se a Subway, com a inauguração de 148 lojas, o Bob`s com 77 novas unidades, o Spoleto com 41 e o Giraffas com 35. As redes Cacau Show e Brasil Cacau colaboraram com 100 novas lojas cada uma.
O setor de Acessórios Pessoais e Calçados apresentou um crescimento orgânico, puxado pelas 76 novas lojas da Havaianas e pelas 62 novas unidades da Chilli Beans.
Já o segmento de Limpeza e Conservação foi impactado pela abertura de 23 novas operações da 5 à Sec, 19 da Dry Clean e 17 da rede Dr.Jardim.
O segmento de Veículos está exclusivamente ligado a serviços e não à venda de automóveis. A Localiza, por exemplo, inaugurou 37 novas lojas, a rede de troca de óleo Lubrax+ abriu 76 e outros serviços não param de crescer como o de vistoria de autos, rastreamento e pintura.
O setor de Informática e Eletrônicos teve o crescimento impulsionado pela rede de lojas da operadora Oi e da recém-inaugurada Nokia, que já conta com 19 lojas.
O setor de Vestuário cresceu 7% em faturamento, o que mostra que a competição está acirrada e o repasse de aumentos não está sendo bem aceito pelo consumidor, que está pesquisando mais e aproveitando melhor as promoções. Nesse setor, destacam-se principalmente as cadeias de roupas íntimas como Lupo, Valisere, Hope e Casa das Calcinhas.
Fonte: ABF